ONG e comerciantes expostos por bolsonaristas falam sobre tentativa de boicote: ‘Me sinto discriminada’

“Me sinto discriminada e muito decepcionada com essa situação. Infelizmente, esses cidadãos, que se dizem de bem, não aceitam o direito de escolha e querem nos punir por pensarmos diferentes”, lamentou a proprietária de um estabelecimento, localizado em Buri (SP).

Ao g1, a comerciante, que preferiu não se identificar, contou que os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) criaram um grupo do WhatsApp, intitulado “PTFÓBICO”, no qual compartilham mensagens de ódio.

Em uma das conversas, é possível ver os membros mencionando outros estabelecimentos.

Em Itapetininga, uma lista, denominada “Comércios petistas Itapetininga”, também passou a circular em grupos bolsonaristas. Apesar disso, a relação inclui até mesmo a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), uma Organização Não Governamental.

Em nota, a ONG afirmou que “algumas pessoas ultrapassam os limites e queimam as pessoas que são, de verdade, cidadãos de bem. Primeiro, a UIPA não é uma empresa, mas, sim, uma ONG dirigida por várias pessoas, de várias religiões, times de futebol e partidos políticos, no qual salvamos animais: de “petistas” e “bolsonaristas.”

Sobre a situação, a UIPA ainda questionou: “na hora de nos pedirem ajuda, podemos perguntar em quem as pessoas votaram e decidir se vamos ajudar? Não! Nós não faremos isso, jamais, porque estamos salvando os animais, e não o partido político de ninguém! A UIPA é apartidária. Recebemos muitos políticos. Todos eles são tratados com maior carinho do mundo, porque os animais não são de direita ou esquerda. Que momento, meus amigos.”

Na região de Sorocaba (SP), comerciantes de Porto Feliz (SP) que apoiaram Lula também foram alvos das listas de boicote.

Ao menos 30 comércios foram listados em grupos bolsonaristas. Nas mensagens, um integrante diz “que peça ajuda para o Lula, né?! Ou fazer o L que melhora.”

Uma comerciante inserida na lista lamentou a situação e disse que todos sabem de sua posição política, apesar de não confundir a vida privada com a profissional.

Sobre a lista, a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Buri (ACIAB) afirmou que o Brasil vive em uma democracia, e, apesar dos questionamentos, a eleição foi concretizada e definida.

O presidente da ACIAB, Nei Carvalho, lamentou a situação. “Quanto às postagens, acho completamente desnecessárias e sem nexo, lamentável”.

Nei reforçou, inclusive, que o comércio depende de todos, independentemente de qualquer ideologia, posição política, religiosa ou filosofia.

Já em Porto Feliz, por telefone, a Associação Comercial disse não ter conhecimento da lista que circula em grupos de mensagens. Também afirmou que nenhum comerciante denunciou a tentativa de boicote.

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