A infraestrutura tem sido um desafio para cidades brasileiras. Em um seminário promovido pelo Valor Econômico, jornal O Globo e rádio CBN, dentro do projeto “G20 no Brasil”, especialistas enfatizaram a “necessidade de considerar a realidade local ao invés de adotar soluções estrangeiras para as cidades brasileiras”. Essas conclusões foram apresentadas no painel “Cidades inteligentes e desenvolvimento: como entregar o futuro aos cidadãos”, realizado em 16 de maio de 2024.
De acordo com uma publicação no Valor, os envolvidos concordaram sobre a importância de investimentos em ações preventivas, especialmente em face dos danos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. É destacado que esse evento trágico evidencia o despreparo das cidades para lidar com as consequências das mudanças climáticas.
Integração entre pesquisa e ação governamental para cidades mais resilientes
Suzana Kahn, diretora-geral da Coppe UFRJ, afirmou ao jornal que defendeu uma maior integração entre as políticas públicas e a pesquisa acadêmica, que tem estudado soluções para os espaços urbanos no cenário nacional.
“Grande parte das soluções existe. Você pode, de fato, mitigar e adaptar as cidades. Os governos – municipal, estadual ou federal – deveriam utilizar mais o conhecimento que existe no próprio país. A gente está investindo e não está utilizando”, disse ela no artigo original.
Ela prossegue falando sobre a necessidade de capital no campo: “Tem um Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais], órgãos que emitem extremamente importantes, mas falta a ponta. Quem vai comandar, reestruturar, fazer os projetos, implementar, executar. Isso tudo precisa de dinheiro e de uma série de especialidades que poderiam estar sendo levadas à frente pelas parcerias com universidades e centros de pesquisa.
A infraestrutura é um aspecto crucial para a formação de cidades inteligentes
A matéria também destaca Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes. Ele aponta que, antes de mais nada, a criação de cidades inteligentes começa a partir da criação de uma infraestrutura adequada para os moradores.
Quintella ressalta que os gestores públicos precisam mudar a mentalidade na elaboração de políticas, que devem ser orientadas por planos de estado, não pela política.
Por esse ângulo, ele comenta: “Muitas vezes as obras são feitas tentando economizar ao máximo e sem pensar em prevenção de longo prazo. Os investimentos são mal aplicados para caber dentro de mandatos. Os planos têm que ser de Estado, apolíticos, apartidários e se apresentar uma linha mestra”, expressa.
Ações preventivas são mais baratas do que arcar com os efeitos de situações de desastre
Já Sabine Zink, cofundadora do SAS Brasil, salienta que o valor gasto com medidas preventivas pode ser mais barato para Estados e municípios do que os encargos para lidar com os efeitos de enchentes e deslizamentos de terra.
“O custo de um tratamento de câncer em estágio mais avançado é 17 vezes mais caro. Essa é a lógica que a gente vai precisar incorporar no planejamento das cidades e do país daqui para frente”, disse ela.
O papel das redes na formação das cidades inteligentes
Por último, Stella Hiroki, pesquisadora e doutora em cidades inteligentes da PUC de São Paulo, destaca que detalhes como moradia, deslocamento e até publicações nas mídias sociais estão acessíveis e podem ser usados para formar soluções locais. Ademais, é apontado que Hiroki concorda que é essencial parar de copiar soluções de fora e que é preciso desenvolver projetos ancorados na realidade brasileira.
Ela finaliza a matéria dizendo: “Em vez de colocar muito dinheiro no orçamento público em uma licitação para criar um software, é possível olhar as informações que a própria população já está alimentando nas redes sociais para traçar qual que vai ser o plano de emergência e como é possível preparar a população.
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