Você já se imaginou morar em uma cidade onde tudo parece ser mágico, onde os serviços públicos têm uma ótima qualidade, onde você sabe o melhor momento para ir ao seu escritório ou escola, evitando o trânsito, e onde a própria cidade fala com você e te apoia em suas atividades diárias?
Bem, esta cidade já está em desenvolvimento, graças à revolução das técnicas de Inteligência Artificial, que fazem uma cidade entender sua situação em tempo real e agir para mudar algo, sem que uma pessoa tome uma decisão para isso.
De acordo com as Nações Unidas, o mundo será predominantemente urbano até 2050, quando mais de 60% das pessoas viverão nas cidades. Isso acontece principalmente porque é nas cidades que estão as oportunidades de bons empregos, educação, saúde e as interações sociais. Quando as pessoas compartilham um espaço com recursos e serviços eficientes para permitir suas atividades diárias, independentemente de quais sejam, elas podem viver com mais qualidade e esperar por um futuro mais promissor. Consequentemente, traz um maior nível de bem-estar para todos.
No entanto, temos que considerar que ainda existem milhões de pessoas vivendo em zonas rurais no mundo, e que os serviços públicos atualmente oferecidos nas cidades podem não funcionar bem quando o número de pessoas que os utilizam aumenta. Esse é o ponto no qual as tecnologias são introduzidas no contexto urbano.
A idéia de construir Cidades Inteligentes surgiu com a aplicação de novas tecnologias que evoluem os serviços públicos e a governança das cidades, embora o conceito não se limite aos aspectos técnicos. Ao aplicar a tecnologia e a digitalização, os serviços em uma cidade podem se tornar mais inteligentes e eficientes, e podem fornecer aos cidadãos, como resultado, mais qualidade de vida.
Já podemos ver algumas boas iniciativas em cidades de todo o mundo, como as lixeiras urbanas inteligentes, em Santander (Espanha), que usam sensores para determinar quando o caminhão de lixo precisa esvaziar um recipiente, economizando dinheiro uma vez que a logística de coleta se torna mais eficiente.
Outro bom exemplo em Santander é um sensor que detecta o som da sirene de ambulância no ambiente e determina quando os semáforos devem ficar verdes, a fim de tornar o caminho da ambulância mais rápido para o hospital.
No entanto, esses serviços ainda precisam ser “programáveis” para fazer isso, e qualquer mudança nessa dinâmica precisa ser feita por especialistas, que irão recodificar softwares para evoluir os sistemas.
Aqui é onde a inteligência artificial está mudando tudo. Técnicas de aprendizagem de máquinas permitem que as máquinas compreendam as cidades por si mesmas e tomem decisões com base no que aprendem com as experiências passadas. A mágica por trás disso são os dados. A cada segundo, uma grande variedade de dados é recolhida do mundo real para apoiar as decisões dos gestores das cidades.
No entanto, entender esses dados e extrair informações qualificadas deles não é um trabalho trivial, e as pessoas por trás dessas decisões precisam de tempo para processar a informação e decidir o que fazer em determinada situação. Mas, com a aplicação de técnicas de IA, os computadores podem coletar dados, processá-lo muito mais rápidamente do que um ser-humano pode fazer e, ainda melhor, podem aprender com eles e tomar decisões para mudar alguma situação.
Vamos reconsiderar o exemplo das sirenes de ambulância e aplicar Inteligência Artificial nisso. Com todos os dados recolhidos todos os dias a partir dos sensores sonoros, a máquina por trás desse sistema agora pode entender os padrões e compreender que há diferentes momentos em um dia em que o fluxo de ambulâncias vem de uma mesma rua, por exemplo.
A partir dessa informação, a mesma máquina pode determinar que o sistema de semáforos funcione de maneira diferente naquela rua, aumentando o período de luzes verdes, por exemplo, para favorecer ambulâncias que provavelmente virão de lá e precisarão ser mais rápidas em seu caminho para o hospital. E, se esta situação muda ao longo do tempo, a máquina aprende isso e pode se adaptar a um novo contexto, sem a ação de especialistas.
Além disso, as técnicas de Inteligência Artificial estão se tornando mais acessíveis para as empresas e empreendedores, que podem desenvolver novos serviços e produtos utilizando essa tecnologia, e criar novas oportunidades de negócios. Além disso, quanto mais usarmos Inteligência Artificial nas cidades, mais precisos se tornarão os modelos, e, consequentemente, mais inteligente e cognitiva as cidades serão.
Por isso, não precisamos mais apenas nos imaginar vivendo em uma cidade cognitiva. Podemos construí-la. O poder de combinar a inteligência artificial com o empreendedorismo digital nas cidades pode produzir algo surpreendente para o futuro das cidades do mundo, em qualquer lugar e para todos. Vamos começar algo novo nas cidades?
Autor: Daniel Merenge.