A competição entre a China e os Estados Unidos continua a ser uma das dinâmicas mais influentes na política e economia globais, e é um pano de fundo crucial para entender as mudanças nas reservas internacionais do Brasil e a crescente adoção do yuan. Essa rivalidade se estende por diversas áreas, incluindo economia, tecnologia, influência política e militar, e tem implicações significativas para outras nações, incluindo o Brasil.
Estamos em um momento significativo na relação econômica e financeira entre Brasil e China, especialmente no contexto de uma crescente adoção do yuan (renminbi) em detrimento do dólar nas reservas internacionais do Brasil. Ou seja, essa mudança reflete um cenário global no qual o yuan vem ganhando terreno, não apenas no Brasil, mas também em outras economias, desafiando a hegemonia do dólar como a principal moeda de reserva mundial.
O que explica o crescimento do yuan?
A ascensão do yuan está intrinsecamente ligada à crescente influência econômica e política da China no cenário global. Com o Brasil sendo um dos principais parceiros comerciais da China, a adoção do yuan em transações comerciais e reservas internacionais simboliza uma mudança estratégica significativa. Esse movimento é um reflexo do esforço da China em fortalecer sua moeda no comércio internacional e sua busca por uma maior internacionalização do yuan.
O acordo para transações comerciais em câmbio direto entre real e yuan, assinado durante a visita de empresários brasileiros a Pequim em março de 2022, é um marco nesta transição. Esse acordo não apenas facilita as transações comerciais entre os dois países, mas também promove uma maior independência do dólar americano. Em meados desse ano, o yuan já representava 5,37% do total da cesta de reservas estrangeiras do Brasil, superando o euro e consolidando-se como a segunda divisão mais importante nas reservas do país.
Yuan nas reservas brasileiras
Essa mudança nas reservas brasileiras é um indicativo da diversificação das moedas em que o país mantém suas reservas internacionais. Esta estratégia de diversificação, longe de ser uma novidade, é uma prática comum entre os países para minimizar riscos e dependência de uma única moeda, particularmente o dólar. Então, em um mundo cada vez mais multipolar e economicamente interconectado, a diversificação de reservas oferece uma proteção contra flutuações e instabilidades em uma única moeda.
O Banco Central do Brasil, ao ampliar as reservas de yuan, responde a uma tendência global de redução da presença do dólar nas reservas mundiais. Este movimento não implica necessariamente um afastamento do dólar, mas sim uma adaptação a um cenário econômico global em constante mudança. O dólar continua sendo uma parte importante das reservas brasileiras, mas o aumento da participação do yuan reflete a realidade de um mundo onde a China desempenha um papel cada vez mais central.
Além disso, a crescente relevância do yuan no Brasil e no mundo também pode ser vista como uma resposta a certas incertezas associadas ao euro e ao próprio dólar. Dessa forma, a conjuntura internacional, marcada por desafios econômicos e geopolíticos, demanda uma abordagem mais flexível e diversificada na gestão de reservas internacionais.
O fortalecimento do yuan e a sua maior adoção por parte do Brasil também abrem novas possibilidades para o comércio bilateral e investimentos. A facilitação de transações comerciais e financeiras em yuan pode levar a uma maior integração econômica entre o Brasil e a China, beneficiando ambos os países.