Serviços surpreendem em agosto, mas cenário segue incerto.

por Grupo Editores Blog.

 

Após iniciar o segundo semestre em forte queda, os serviços prestados no país voltaram a crescer em agosto, em ritmo surpreendente, reforçando seu comportamento errático dos últimos meses. A receita real do setor avançou 1,2% de julho para agosto, a maior alta registrada para o mês desde 2011.

 

Para parte dos economistas, a despeito do avanço no mês, o cenário segue pouco otimista para o setor no restante do ano. Eles citam uma retomada ainda lenta e volátil dos serviços, limitada pelo fraco desempenho dos investimentos. Para setembro, indicadores antecedentes sugerem pressões negativas.

Conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, o avanço de agosto foi amparado no ramo de transportes, que cresceu 2,2% ante julho, pela série com ajuste sazonal. Outros dois ramos contribuíram positivamente: serviços profissionais (abrangem contadores, auditores, terceirizados), com avanço de 2,2%; e os “outros serviços”, que incluem atividade imobiliárias, com alta de 1% sobre julho.

 

Quando comparado a agosto do ano passado, o setor de serviços mostrou crescimento de 1,6% – bem acima do 0,1% esperado pela MCM Consultores, por exemplo. O desempenho positivo foi suficiente para recuperar o patamar que o setor operava em dezembro de 2017.

 

Jankiel Santos, economista-chefe do Haitong, vê uma “recuperação bastante gradual” do setor. A média móvel trimestral, usada para captar tendências, por exemplo, cresceu 1,3% em agosto, ante julho, compensando o recuo de 0,2% dos três meses anteriores. “Todo [os ramos de serviços] mostram tendência de recuperação, mas bastante gradual”, disse o economista.

 

Mesmo assim, a MCM Consultores apontou, em relatório, para dificuldades ainda apresentadas pelas atividades de serviços. “O desempenho errático da indústria e a demora da recuperação do mercado de trabalho continuam sendo limitantes ao crescimento dos serviços.”

 

Além disso, boa parte dos analistas ainda projeta queda do setor neste ano. A Confederação Nacional do Comércio (CNC), por exemplo, prevê uma baixa de 0,3% na receita real neste ano. Se confirmado, será o quarto ano consecutivo de queda dos serviços – foi de 2,8% em 2017.

 

Os indicadores antecedentes disponíveis mostram mais pressões negativas do que positivas para o desempenho de setembro, diz Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. Ele cita, por exemplo, a queda da confiança de empresário do setor medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “O indicador de fluxo de veículos nas estradas pedagiadas também foi negativo. Além disso, teremos a base de comparação mais alta de agosto.”

 

Fonte: Jornal Valor Econômico.

 

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