Nos últimos anos, veículos autônomos foram vistos como a próxima grande revolução no transporte. Contudo, embora essa tecnologia prometa transformar nossas vidas, ela enfrenta agora um período de desilusão. Segundo o ciclo de hype da Gartner de 2020, os carros autônomos já ultrapassaram o “pico das expectativas infladas” e agora se encontram no “vale da desilusão”.
Esse cenário ressalta a complexidade dos desafios que ainda precisam ser superados para que esses veículos se tornem parte integrante das cidades inteligentes.
Essas expectativas infladas se baseavam em uma série de promessas: os carros autônomos, equipados com sensores variados, Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, deveriam ser capazes de perceber a via. Além disso, poderiam identificar sinais, obstáculos e pessoas, manter distâncias seguras, adaptar a velocidade e comportamento às regulamentações, e até encontrar vagas e estacionar sozinhos.
A grande vantagem seria a redução de espaço viário para carros. Desse modo, aumenta a áreas para pedestres, ciclistas e atividades de lazer, transformando, assim, o conceito de mobilidade nas cidades inteligentes.
Veículos autônomos: o lado sombrio da tecnologia
No entanto, o entusiasmo inicial logo encontrou obstáculos reais. Incidentes fatais envolvendo veículos autônomos, como os acidentes notórios da Tesla e Uber, levantaram dúvidas significativas sobre a segurança e a viabilidade dessa tecnologia.
Apesar dos avanços, esses veículos ainda apresentam falhas que podem ser fatais. Tais problemas não são apenas técnicos, mas também éticos, lançando um grande dilema sobre quem salvar em situações de risco de vida.
A ética na direção autônoma
A questão ética se aprofunda quando consideramos situações onde o veículo precisa tomar decisões que envolvem sacrificar vidas. O projeto “Moral Machine” do MIT Media Lab ilustra bem esse dilema, colocando os usuários para decidir em cenários hipotéticos quem deveria sobreviver em acidentes envolvendo veículos autônomos.
Este estudo revelou que, embora existam princípios morais quase universais, como valorizar vidas humanas em detrimento de animais e priorizar jovens em detrimento de idosos, as diferenças culturais influenciam essas decisões éticas. Desse modo, mostram a complexidade de programar esses princípios em veículos autônomos.
Projetando um futuro ético com veículos autônomos
A Comissão de Ética da Alemanha sobre condução automatizada e conectada sublinha que veículos autônomos não devem replicar comportamentos humanos falhos. Logo, é necessário um consenso social amplo sobre os princípios morais que devem guiar a inovação tecnológica, similar ao que já existe para os direitos humanos. Essa abordagem é crucial para integrar com sucesso os veículos autônomos nas cidades inteligentes. Ou seja, assegura que eles promovam uma mobilidade mais segura e ética.
Os veículos autônomos ainda têm um longo caminho a percorrer antes de se tornarem uma realidade plena nas nossas cidades. Enquanto isso, é essencial que continuemos a discutir e a definir os princípios éticos que guiarão essa revolução tecnológica. Então, garante que as cidades do futuro sejam não apenas inteligentes, mas também justas e seguras para todos.
- Com informações de Urban AI