MP DA REDUÇÃO SALARIAL E DE JORNADA.

por Grupo Editores Blog.

O Governo Federal publicou no dia primeiro, uma Medida Provisória que autoriza as empresas a reduzirem, proporcionalmente, a jornada de trabalho e os salários de seus empregados. A medida faz parte das iniciativas para evitar que as empresas demitam seus funcionários durante o período da crise provocada pelo Coronavírus.

Um dos maiores desafios enfrentados pelo país, nas medidas de enfrentamento e combate à epidemia, realizadas pelo governo federal, estados e em nossas cidades, está no impasse entre, de um lado garantir o mínimo de circulação das pessoas evitando a disseminação do vírus e, do outro, assegurar que as famílias não percam seus empregos e renda, tendo em vista a grande dificuldade financeira gerada pela falta de consumo e aquisição de bens e serviços.

Neste momento em que vemos nossas ruas vazias, o comércio fechado, carrinho de lanche, bares e cinemas sem abrir, notícias de pessoas perdendo o emprego, sabemos que todos estamos tendo perdas. Um evento trágico como este deixa suas marcas e cicatrizes. Podemos observar que de tempos em tempos, tragédias acontecem ao redor do mundo em dimensões gigantescas, como a “Gripe Suína”, o Terremoto que devastou o Japão entre tantos outros que muitas vezes não são capazes de serem identificados com antecedência e que não possuem culpados ou responsáveis.

Uma vez que aceitamos que este é um momento de perda, mas passageiro e que estamos todos no mesmo barco, seja governo, empresas, patrões e empregados e que ninguém sairá sem uma cicatriz e apenas com aprendizados, ao meu ver, a saída é ter bom senso e diálogo, se colocando no lugar do outro e deixando de lado o extremismo político que tem fragilizado o país.

Um dos aprendizados que já pude identificar, está na relação de interdependência entre patrão e funcionário. Fica evidente a importância das empresas para a manutenção da economia brasileira. Uma amiga, dona de um bar em minha cidade possui cerca de 10 colaboradores, ou seja, ela é responsável pelo sustento de 10 famílias. Em contrapartida, esses colaboradores, são empenhados e dedicados ao trabalho, sendo eles a cara do estabelecimento e responsáveis pelo sucesso do mesmo, tornando-se o bem mais precioso da empresa, em que alguns já estão presentes mais de 10 anos.

Colocando todos nesta situação, fica mais compreensível que tanto os servidores têm suas contas para pagar e precisam do seu salário, quanto o empregador também precisa pagar fornecedores, impostos, custos da estrutura e o dinheiro não está entrando. Deste modo o bom senso deve prevalecer para que todos cheguem em um acordo, onde cada um tenha sua perda, mas que mantenha o suficiente para atravessar o momento de dificuldade.

Neste contexto, os sindicatos devem atuar no sentido de garantir a manutenção do diálogo e propor soluções e alternativas, como antecipação de férias, redução de jornada com escala mais eficiente para o empregado gastar menos com deslocamento e alimentação, contribuindo ainda para a manutenção da quarentena, regulamentação do trabalho em casa, entre outras medidas.

Enfim, espero que neste momento adverso, todos percebam que o maior bem que podemos preservar são nossas vidas. Quando tudo passar, isso bastará para juntar os cacos e seguir em frente.

Autor: Charles Vinícius é Administrador Público e Presidente do Sindicato dos Administradores de Araraquara.

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