Hong Kong: como viver com dignidade em 7m² de apartamento

por Grupo Editores Blog.

Apesar de ser uma das economias mais fortes do planeta, Hong Kong enfrenta uma crise habitacional grave. A cidade abriga milhares de pessoas em espaços menores que o interior de um carro. Os chamados microflats, com até 11 metros quadrados, tornaram-se solução para parte da população que não consegue arcar com os altos preços dos imóveis tradicionais.

Em um cenário urbano tão restrito, a desigualdade salta aos olhos. Enquanto arranha-céus modernos definem a paisagem da cidade, muitos vivem espremidos em cômodos de apenas 2,6 metros quadrados. Ainda assim, projetos de cidades inteligentes tentam buscar soluções mais humanas e tecnológicas para essa realidade urbana extrema.

Microflats são resposta ao alto custo de vida em Hong Kong

Desde 2015, o número de microapartamentos cresceu rapidamente em Hong Kong. A mudança na legislação, que reduziu exigências de ventilação e luz natural, abriu espaço para lançamentos cada vez menores. Hoje, cerca de 7% dos novos imóveis fazem parte dessa categoria. As incorporadoras enxergaram nesses espaços uma oportunidade de lucro rápido, mesmo que isso signifique menos qualidade de vida.

Apesar de pequenos, os microflats chegam a custar valores impensáveis para a maioria. Em regiões como Kowloon, por exemplo, o preço de uma unidade pode ultrapassar o valor de imóveis de médio padrão em outras grandes cidades do mundo. Com um salário mínimo de apenas 4,8 dólares por hora, um morador de Hong Kong precisaria de 21 anos de trabalho para comprar um apartamento de 60m².

Desigualdade social desafia o planejamento urbano da cidade

A topografia montanhosa de Hong Kong dificulta a expansão horizontal da cidade. Cerca de 75% do território é coberto por áreas verdes e montanhas protegidas por lei. Isso limita a oferta de terrenos urbanos e pressiona ainda mais os preços da habitação. Nesse cenário, as chamadas casas-gaiola, com 30m² compartilhados por várias pessoas, ainda são comuns entre a população de baixa renda.

As cidades inteligentes propõem soluções sustentáveis para esse tipo de desafio. Com o uso de tecnologias de construção modular, eficiência energética e inteligência artificial no planejamento urbano, seria possível otimizar o espaço urbano de forma mais justa. O desafio, porém, está em equilibrar inovação com inclusão social.

Hong Kong precisa integrar tecnologia e dignidade no planejamento urbano

A experiência de Hong Kong serve de alerta para outras grandes cidades. Sem políticas públicas que considerem a dignidade das pessoas, o crescimento urbano se torna excludente. Cidades inteligentes precisam pensar além da tecnologia: devem ser pensadas para pessoas de todas as rendas.

O exemplo de Hong Kong mostra que densidade urbana e escassez de espaço não justificam soluções desumanas. Planejar cidades melhores é possível, desde que se priorize qualidade de vida e moradia digna como pilares centrais do desenvolvimento urbano.

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