Conheça a pequena cidade brasileira que se tornou local com maior taxa de adoção do Bitcoin no mundo

por Grupo Editores Blog.

 

“Tem gente vindo a Rolante por causa do Bitcoin”. A frase é do piloto de avião Ricardo Stim, morador da pequena cidade sul-rio-grandense que, junto com a esposa, a massoterapeuta Camila, está fazendo história dentro da comunidade do Bitcoin no Brasil.

 

Antes, o casal, que está junto há 20 anos, morava na cidade de Porto Alegre. Agora, são de Rolante, a cidade número um no mundo na adoção do Bitcoin como moeda, de acordo com o site BTCMap.org.

 

A mudança de residência, que resultou em um trajeto de mais de 100 km de sua terra natal, deu ao casal a oportunidade de mostrar à população de cerca de 20 mil moradores que o Bitcoin não é golpe e que traz consigo uma tecnologia robusta, segura e libertária.

 

Isso porque quando chegou a Rolante ele se deparou com uma visão distorcida de vários moradores, que, desprovidos de conhecimento sobre a nova tecnologia, acreditavam que tudo relacionado aos termos ‘bitcoin’ e ‘criptomoeda’ estava ligado a golpes na internet. Mas Stim e Camila agora estavam por lá.

 

Quando o Bitcoin passou a fazer sentido

 

Em conversa com o Portal do Bitcoin no início do mês, Stim revelou à reportagem que passou a olhar o mercado de criptomoedas entre 2011 e 2013, mas que foi somente entre 2016 e 2017 que a tecnologia passou a fazer sentido para ele.

 

“Como eu sou da época que se minerava Bitcoin em casa, a pessoa pergunta: ‘Então tá rico?’ Mas na verdade eu não guardava nada. Não tinha essa ideia de ativo financeiro”, conta.

 

Os anos se passaram e agora Stim é um noderunner, ou seja, roda um nó na rede Lighting Network — uma solução de segunda camada de pagamentos usando a própria moeda Bitcoin, porém fora da blockchain principal —, tecnologia que para ele será essencial para o futuro das criptomoedas.

 

“Essa tecnologia é muito boa. Ela que vai substituir o dinheiro de papel, não vai ser o Drex. O Drex para nós não é bom, para a população não é bom. É muito controle do governo sobre as pessoas e eu não concordo. Quero manter a liberdade do dinheiro em papel. O Bitcoin é a rede que naturalmente vai suplantar o dinheiro de papel”.

 

Bitcoin em Rolante: o início

 

Morando em Rolante, cuja grande parte da população era leiga no assunto, assim como na maioria das cidades do Brasil e do mundo, e envolvido com a Lightning Network, o casal apostou na educação para mitigar o ceticismo acerca do Bitcoin e das criptomoedas em Rolante e ajudar amigos e a comunidade a desfrutar das vantagens da indústria cripto.

 

“A ideia inicial era educar as pessoas sobre o que Bitcoin para elas pararem de falar em golpe. É bem projeto educacional mesmo”, disse ele sobre os resultados recentes do projeto que eles tocam chamado Bitcoin é Aqui.

 

O início do projeto começou com o casal explicando para alguns comerciantes que a maior criptomoeda do mercado era segura, tanto para mantê-la quanto para pagar e receber. No entanto, faltava algo maior, que era o uso real da tecnologia.

Stim então passou a estudar uma maneira de juntar empresários e empresárias da cidade, e um dos comerciantes mais antigos passou a apoiar a iniciativa.

Nesse meio tempo, o casal foi passar o Carnaval em Jericoacoara, vila turística no Ceará também conhecida pela “Praia Bitcoin”, que é um projeto de economia circular, e assim levar novas experiências para Rolante.

De lá, Stim recebeu uma ligação de um comerciante que ele já havia ensinado como transicionar satoshis, e que lhe cobrava as despesas do mês. 

Stim então perguntou a ele se poderia pagar com Bitcoin, o que foi aceito. Ao fazer o pagamento, ele disse que aquela seria a primeira de muitas transações que iriam acontecer em Rolante. 

 

 

Nascimento do ‘Bitcoin é Aqui’

 

De volta a Rolante, eles então escolheram uma solução de pagamentos, além de criar uma seleção de carteiras de criptomoedas, e, com a ajuda de comerciantes, passaram a criar grupos de conversa e a promover reuniões.

 

A Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária de Rolante e Riozinho (ACISA) cedeu seu espaço e uma palestra foi realizada no local, conta Stim. Vídeos e panfletos também foram distribuídos, sendo que tudo foi feito pelo grupo sem nenhum patrocínio financeiro, mas com muita vontade e dedicação. 

 

Stim usou então seu nó da Lightning Network para atender os comerciantes; as carteiras, os próprios moradores escolhiam.

 

“E foi assim que nasceu o Projeto Bitcoin de Rolante”. O Carnaval foi em fevereiro e a palestra em março, tudo neste ano — em 30 dias a gente passou Jericoacoara e em 60 nos tornamos a maior comunidade do mundo”, disse. 

 

E a adoção só cresce — lojas de ferragens, farmácias, cabeleireiros e café, pelo menos 180 lojas da cidade já usam o BTC como forma de pagamento. Recentemente, um terreno foi vendido em Bitcoin, conta.

 

“A comunidade é um grande ativo nesse projeto  — que pegou, abraçou e tá tocando. Eu sempre digo, nada vai para a frente sem ela; Bitcoin é comunidade”, disse Stim.

Farmácia em Rolante aceita Bitcoin (Foto: Divulgação)

Stim afirma que não tem controle nenhum sobre o ambiente de pagamento local com bitcoins e apenas sugere algumas soluções de carteiras cripto e as pessoas escolhem livremente qual usar. Sobre a negociação do terreno, por exemplo, ele disse que soube através do boca a boca, já que se trata de uma cidade pequena.

 

Cidade número um no mundo na adoção do Bitcoin como moeda

 

A posição de cidade número um no mundo na adoção do Bitcoin como moeda foi comemorada com o evento Bitcoin Spring Festival, organizado por Camila, que aconteceu no final de setembro.

 

(Divulgação)

O encontro teve painéis com nomes conhecidos na comunidade Bitcoin, além de música, dança, brinquedos e churrasco. “Foi uma festa de celebração de a gente ter chegado aonde chegou”, disse Stim.

 

Palestra realizada durante o Bitcoin Spring Festival em Rolante (Divulgação)

O site Bitcoin é Aqui foi criado com a premissa de que em Rolante é possível “Viver 100% em BTC”. Nele, a aba ‘Aprender +’ ensina como enviar e receber satoshis, além é claro da lista com mais de 150 lojas. O conjunto de ações mostra por que a cidade está onde está no ranking de adoção da maior criptomoeda do mundo.

 

Eles agora recebem convites para participarem de vários eventos cripto, como ocorreu em junho no BitSampa e na Satsconf, neste mês. Para Stim, essas presenças também contribuíram muito para divulgar a cidade.

 

Fonte: https://portaldobitcoin.uol.com.br/conheca-a-pequena-cidade-brasileira-que-se-tornou-local-com-maior-taxa-de-adocao-do-bitcoin-no-mundo/

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