A inovação não está restrita às grandes capitais. Muitas cidades inteligentes pequenas, com menos de 50 mil habitantes, estão se destacando na Europa por adotarem soluções tecnológicas eficientes. Esses municípios mostram que é possível melhorar a gestão pública, os serviços urbanos e a qualidade de vida mesmo com recursos limitados.
Segundo a Comissão Europeia, 75% da população europeia vive em cidades pequenas e médias. Essa realidade impulsionou programas como o Intelligent Cities Challenge, que apoia municípios com menos de 100 mil habitantes, com foco especial nas menores, na transição digital e verde. O projeto já impactou mais de 130 cidades na Europa, incluindo localidades com menos de 20 mil moradores.
Iniciativas digitais melhoram o serviço público
Na Espanha, a cidade de Viladecans (65 mil habitantes, próxima ao limite superior) implementou um sistema de coleta de lixo inteligente. Sensores instalados nas lixeiras avisam quando estão cheias, otimizando as rotas dos caminhões. Cidades ainda menores, como Pontevedra (Espanha, 50 mil habitantes), reduziram em 70% os acidentes de trânsito após reformularem o espaço urbano com base em dados.
A digitalização de processos também melhora a transparência e reduz custos. Em Oulu (Finlândia), a gestão dos serviços sociais e de saúde foi centralizada em uma plataforma digital. Cidades inteligentes pequenas podem replicar esse modelo com menor complexidade e maior eficiência, adaptando soluções às suas realidades locais.
Sustentabilidade como prioridade nas cidades menores
Em Lemgo (Alemanha, 41 mil habitantes), a sustentabilidade é o foco principal. A cidade implantou sensores que controlam o uso de energia nos prédios públicos e monitoram o tráfego em tempo real. Isso ajudou a reduzir o consumo de energia em até 30%. Essas tecnologias, além de acessíveis, são escaláveis para municípios de qualquer porte.
A adesão a energias renováveis também tem crescido entre as cidades pequenas. Na Dinamarca, Sønderborg (com cerca de 27 mil habitantes) quer zerar suas emissões de carbono até 2029. Para isso, promove a energia solar nos prédios públicos, incentiva bicicletas elétricas e usa dados para planejar o transporte coletivo.
A tecnologia fortalece a gestão municipal
Cidades inteligentes pequenas têm a vantagem da proximidade com a população. Isso permite testar soluções de forma rápida e personalizada. A coleta de dados, o uso de sensores e os sistemas de gestão integrados ajudam prefeitos e auditores fiscais a tomarem decisões com mais base e precisão.
Além disso, programas europeus de financiamento e apoio técnico, como o Horizon Europe, ajudam esses municípios a implementarem soluções digitais com baixo custo inicial. A troca de experiências entre gestores de cidades pequenas também fortalece a inovação em rede.
Cidades brasileiras podem seguir o exemplo europeu
O Brasil possui mais de 4 mil municípios com menos de 50 mil habitantes. Muitos deles enfrentam desafios semelhantes aos das cidades europeias antes da transformação digital. Implementar soluções de cidades inteligentes pequenas é um caminho viável e necessário.
Investir em sensores, digitalização de serviços e planejamento urbano baseado em dados pode melhorar a arrecadação, reduzir desperdícios e aumentar a transparência. Cidades pequenas têm tudo para liderar uma revolução inteligente no Brasil, com base na experiência europeia.