Estrela da recuperação econômica de 2022, quando expandiu 4,2%, o segmento de serviços voltou a apresentar resultado acima das expectativas dos analistas. O resultado pegou carona na forte expansão da agricultura, mas também em uma demanda mais aquecida que o previsto das famílias. A expectativa é que o resultado também fortaleça o desempenho no segundo trimestre, antes de começar a desacelerar de forma mais firme na segunda metade do ano.
Segundo o IBGE, o PIB do setor de serviços, que engloba comércio, intermediação financeira e serviços públicos, cresceu 0,6% no primeiro trimestre de 2023, frente ao quarto, feito o ajuste sazonal. O resultado foi o dobro da mediana das coletas do Valor Data, de 0,3%.
Entre os subgrupos com melhor desempenho, ficaram Transporte, armazenagem e correio e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, ambos com alta de 1,2% no trimestre.
Segundo Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, o segmento foi impulsionado tanto pelo transporte de carga – em linha com o escoamento da safra recorde -, mas também o transporte de pessoas, um reflexo tardio das primeiras férias de fim de ano após a normalização “completa” da pandemia.
Já os serviços financeiros foram beneficiados pela recuperação do mercado de trabalho formal e também do setor agrícola. “É comum, nos anos subsequentes à uma quebra de safra, como é o caso de 2023, o agricultor buscar mais seguro, uma espécie de efeito gato escaldado”, diz.
Além destes, registraram desempenho positivo os subgrupos de serviços ligados à administração pública (0,5%) e comércio (0,3%). O primeiro, ajudado pela maior demanda por serviços públicos com a virada de governo e no pós-pandemia. O segundo, por uma maior resiliência da demanda das famílias por bens.
“Imaginávamos que as condições financeiras mais apertadas iam frear esse consumo, mas o mercado de trabalho e as concessões de crédito para as pessoas físicas seguem firmes”, diz Xavier, acrescentando que a desaceleração da inflação ajuda a melhorar a percepção da renda das famílias.
Em relação aos segmentos que vieram em baixa, serviços de informação e comunicação foram destaque negativo, com baixa de 1,4%. Segundo Xavier, o segmento sofre com a base de comparação alta e com a política monetária mais restritiva, uma vez que se comportam mais como investimentos.
Já a categoria outros serviços amargou contração de 0,5%, a primeira após dez trimestres de alta. Para a MCM Consultores, o resultado sinaliza “esgotamento do efeito ‘normalização das atividades’ que impulsionou o segmento no pós-pandemia.”
Para Xavier, o bom desempenho dos serviços deve perdurar em parte no segundo trimestre, uma vez que a colheita da safra deve continuar beneficiando os transportes e a demanda doméstica pode continuar ajudando o comércio.
Visão semelhante tem a economista do C6 Bank, Claudia Moreno. Para ela, a forte expansão da economia entre janeiro e março implica em um desempenho positivo também para o setor de serviços no segundo trimestre. Dito isto, as diferentes velocidades com que caminham os subgrupos do segmento fortalece a expectativa por desaceleração, o que deve ficar mais visível apenas na segunda metade do ano.
Fonte: Valor Economico.
