Ao longo das últimas duas décadas, nos dedicamos intensamente a compreender negócios de tecnologia. Acreditamos que, apesar da fama de alto risco do setor, é possível identificar algumas das principais dinâmicas em curso e investir com segurança em grandes oportunidades.
As companhias da geração da internet amadureceram e consolidaram alguns dos modelos de negócios mais excepcionais já vistos. As vantagens em relação aos modelos tradicionais são amplamente conhecidas: com custo marginal próximo de
zero para replicar e distribuir seus produtos e serviços, podem crescer sem demandar muito capital, de forma global e automatizada, em ritmos sem precedentes.
Pela ótica competitiva, provavelmente o atributo mais relevante é a criação de efeitos de rede, em suas mais variadas formas. O fenômeno ocorre quando uma plataforma se torna melhor à medida que atrai mais participantes. O exemplo
clássico é o Facebook – uma vez que a rede reúne quase metade das pessoas do mundo, dificilmente um competidor consegue atrair usuários para uma nova rede com a mesma finalidade1 mas ainda sem massa crítica de participantes, por melhor que o produto dele seja.
Efeitos de rede costumam levar a dinâmicas competitivas do tipo winner-takes-all/ most, onde o estágio maduro do mercado é um oligopólio ou monopólio. Ao alcançar esse estágio, as empresas ficam virtualmente blindadas da competição pela mera detenção da rede. Desfrutam de alta rentabilidade e baixo risco competitivo – o santo graal do investidor fundamentalista.
Hoje conseguimos investir em algumas das empresas com os efeitos de rede mais bem estabelecidos do mercado a valuations atrativos. Difícil apontar com precisão as razões para isso, mas suspeitamos que seja um misto entre os medos de saturação do crescimento (algumas delas já são negócios trilionários) e de regulação (governos globais estão ativamente processando estes oligopólios, pelas mais diversas razões). Acompanhamos estes riscos de perto há anos, e até então os
consideramos toleráveis para as empresas que escolhemos, dada a margem de segurança nos preços. Nos posicionamos de acordo, e as decisões têm rendido bons frutos até aqui.
O que pode dar errado, então? Se a história nos serve de exemplo, o maior risco para negócios altamente dominantes não deve ser nem macroeconômico nem regulatório, mas tecnológico. Vale sobretudo para este setor de tecnologia, mas não exclusivamente – a maioria das empresas têm hoje que lidar com a chamada transformação digital e com riscos tecnológicos.
Por esta razão, acompanhamos atentamente o que está acontecendo na fronteira da inovação. Na citação de abertura, o analista britânico Benedict Evans coloca bem o estágio atual das discussões sobre o futuro da tecnologia. Formou-se um certo consenso em torno de duas mega tendências: Web3 e Metaverso. Os conceitos são relacionados: enquanto o Metaverso idealiza um universo digital tridimensional que seja imersivo, síncrono, persistente e interoperável, a Web3 propõe uma modernização da arquitetura da internet para sustentar essas características.
Dentre as duas, a Web3 apresenta uma ameaça mais direta aos modelos de negócios dominantes que mencionamos acima, ao propor quebras de exclusividade sobre efeitos de rede. Resolvemos, então, fazer uma imersão no tema. Compartilhamos abaixo nossas impressões até o momento.
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