O volume de serviços prestados no país registrou em agosto queda recorde para o mês, afetado sobretudo pela menor demanda das famílias. Apesar de o resultado marcar a segunda queda consecutiva do setor, analistas avaliam que os serviços devem retomar sua lenta e gradual recuperação nos próximos meses.
Em agosto, o volume de serviços prestados recuou 1% em relação a julho, pela série com ajuste sazonal, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo (IBGE. O setor já havia registrado queda de 0,8% em julho, frente ao mês anterior.
Dos cinco grupos acompanhados pela pesquisa, os serviços prestados às famílias recuaram 4,8% na passagem de julho para agosto, afetados pelo componente alojamento e alimentação (7,5%).
Os demais quatro grupos da PMS tiveram alta, com destaque para serviços profissionais, administrativos e complementares (1,6%).
Segundo analistas, a menor demanda das famílias por serviços pode estar relacionada ao fim das férias escolares, que teriam impacto na comparação entre julho e agosto, mesmo após o ajuste sazonal. O fim dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em 31 de julho, também pode ter pesado.
Roberto Saldanha, analista de serviços e comércio do IBGE, sugere ainda uma espécie de acomodação, após quatro meses consecutivos de alta. “O mês de agosto foi fraco para esses serviços, mas, se observarmos a série para trás, também não havia ocorrido crescimento como o acumulado nos últimos meses”, disse.
Numa abertura mais detalhada da pesquisa, porém, percebesse que componentes com peso relevante na PMS tiveram baixa em agosto, na comparação ao mês anterior, com ajuste sazonal. É o caso do transporte terrestres. com baixa de 1,1%. Telecomunicações e serviços de tecnologia da informação recuaram 0,2% e 1,6%, respectivamente.
Apesar do resultado ruim, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) avalia que o setor deve retomar sua trajetória de gradual recuperação nos próximos meses. A previsão é de crescimento médio mensal de 0,5% até dezembro, pela série com ajuste sazonal. Se confirmada a projeção, o setor fecharia o ano em queda de 3,4%.
“Nós até melhoramos nossa projeção para o ano, que era negativa em 3,6%. Os motivos para a revisão são a tendência recente de quedas menos intensas e as expectativas de que os juros ao consumidor e às empresas deverão manter seguras trajetórias nos próximos meses”, avaliou Fabio Bentes, economista chefe da CNC.
O banco Haitong traça cenário um pouco mais otimista. Segundo o banco, o carregamento estatístico para 2017 é de queda de 2,7% este seria o resultado do setor no ano, caso permanecesse estável até dezembro. Como a expectativa é de avanço nos próximos quatro meses, e dada a base fraca de comparação do fim de 2016, os serviços prestados devem ficar próximos de zero.
Na visão dos analistas, uma recuperação mais forte do setor só deverá acontecer com a volta do consumo de serviços pelas empresas. Segundo Rafael Leão, economista na consultoria Parallaxis, esse retomada depende do fim do ciclo de desalavancagem das empresas, que estaria ingressando em uma etapa final neste terceiro trimestre.
O volume de serviços prestados no país registrou queda de 2,4% na comparação a agosto do ano passado, baixa menos intensa do que a apurada em julho (3,2%).
No acumulado do ano, o setor registra baixa de 3,8% em volume. O indicador acumulado em 12 meses apresenta baixa de 4,5%.
Fonte: Jornal Valor Econômico.