Nos últimos anos, várias cidades do Brasil sofreram com enchentes severas. Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul viveu sua maior crise climática, mas não foi um caso isolado. Em 2022, Petrópolis (RJ) registrou mais de 230 mortes em apenas dois dias de chuva intensa. Em 2023, São Sebastião (SP) enfrentou deslizamentos após enchentes que deixaram dezenas de mortos. Esses eventos extremos mostram a urgência de investir em tecnologias de prevenção, como o uso de dados em tempo real.
Cidades inteligentes usam sensores, estações meteorológicas e imagens de satélite para monitorar o clima e os níveis dos rios. Esses dados são enviados para centros de controle que analisam as informações e emitem alertas. Com isso, gestores públicos podem agir com antecedência, organizar evacuações e proteger vidas. Essa estratégia precisa ser ampliada em todo o país, especialmente em cidades vulneráveis a enchentes.
Petrópolis, Recife e São Paulo enfrentaram enchentes graves
No início de 2022, Petrópolis sofreu com uma tempestade que acumulou 260 mm de chuva em 4 horas, mais do que o esperado para o mês inteiro. A cidade tinha planos de contenção, mas falhou na prevenção por falta de sistemas de monitoramento em tempo real. Já em Recife, também em 2022, mais de 100 pessoas morreram em enchentes causadas por chuvas acumuladas e falta de drenagem. São Paulo, por sua vez, registra alagamentos recorrentes todos os anos, especialmente em bairros mais baixos e com ocupação irregular.
Esses casos reforçam a necessidade de transformar os centros urbanos em cidades inteligentes. Com dados atualizados minuto a minuto, é possível tomar decisões mais rápidas. Sensores instalados em rios, bueiros e barragens ajudam a prever a elevação do nível da água. Plataformas digitais cruzam esses dados com previsões do tempo, mapeando áreas de risco em tempo real.
Tecnologia e dados evitam novas tragédias por enchentes
Segundo o Cemaden, 1.038 municípios brasileiros já são monitorados, mas muitos ainda não possuem estrutura para responder aos alertas. A integração entre estados, prefeituras e Defesa Civil é fundamental. Cidades como Curitiba, Campinas e Salvador já adotaram sistemas de gestão de riscos baseados em dados. Esses municípios usam softwares que interpretam informações do clima, solo e urbanização para prever enchentes com até 12 horas de antecedência.
Além disso, o uso da inteligência artificial aumenta a precisão dos alertas. Um estudo da Universidade Federal de Alagoas mostrou que algoritmos de previsão climática baseados em IA reduziram em 35% os erros em simulações de enchentes. Esses recursos precisam chegar a todas as regiões do país, inclusive nas cidades menores.
Colaboração entre cidades e tecnologia contra enchentes
Cidades inteligentes devem cooperar entre si, compartilhando dados e boas práticas. A prevenção de enchentes exige esforço coletivo. Quando uma cidade investe em sensores e monitoramento, toda a região ao redor pode se beneficiar. A tragédia no Rio Grande do Sul em 2024, assim como em Petrópolis e Recife, prova que esperar o pior acontecer não é mais uma opção.
Com dados em tempo real, é possível antecipar riscos, salvar vidas e reduzir prejuízos. Os gestores públicos têm a responsabilidade de transformar essa tecnologia em política pública. A resposta às enchentes começa com informação e ação rápida.